segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Fé: a melhor resposta de Deus. Você ouviu?

Numa de minhas aulas de filosofia, certo professor ao explicar o Existencialismo, perguntou aos alunos quem não sentia vez em quando, aperto no peito ao olhar a desigualdade, o mal prosperar... Quem não sentia a sua insignificância e impotência frente o avanço do mal?
Eu me vi como um desses que assim vive com certa freqüência; não melancólica ou depressiva. Aprendi que, como cristão, não preciso fechar os meus olhos para ver o mundo existente fora de mim (Mt.26:11). Descobri que o meu mundo interior também propõe desafios enormes tanto quanto os que fora de mim estão (Rm.7:19).
Não concordo com aquela corrente teológica cuja vertente é a de um cristão sempre alegre e míope para fraquezas e injustiças no mundo. Acho isto indiferença; não Cristianismo. Concordo com Pascal que o Cristianismo é a única Religião que mostra ao homem tanto a sua baixeza como o seu valor. Pascal precisa Jesus como o equilíbrio essencial à natureza humana, pois Ele é “um Deus do qual nos aproximamos sem orgulho e do qual nos abaixamos sem desespero.”
Portanto, estou sempre precisando de Cristo como aquele pêndulo e discernidor entre as coisas que são das que não são, da verdade e da mentira. Isto porque podemos olhar demasiado nalguma direção e focar determinadas cenas cuja impressão não condiz com a realidade.
Lembrei-me de Habacuque. Em sua crise Teo-existencial acredita que Deus não consegue coadunar a Sua Pessoa à existência humana. Afinal, Deus tem os olhos puros e santos demais para olhar os pés sujos aqui da terra (Hc.1:13). Sem o mediador citado por Pascal o homem se concentra todo numa extremidade. Ou só verá a sua miséria ou só o seu “poder”.  O seu “poder” o poderá fazer da miséria própria toda a sua glória, pretensa humildade. Contrapartida, a sua miséria poderá lhe dar o poder de se fazer merecedor de alguma graça, só porque se viu miserável.
Envolto à diferenças e desgraças, Habacuque  não entende o porquê Deus, que é tão poderoso, permite os miseráveis se acharem deuses. Propõe-se a buscar a resposta de Deus (Hc.2:2) e descobre que a resposta é algo que ainda está por vir. Ela está distante, mas quem passa a vê em out-door (Hc.2:2,3). Ela está longe, mas quem nela crê já a vê, agora!
Assim, Habacuque ao escrever a visão do futuro tira os olhos de si, do presente, das circunstâncias e volve-os para aquilo que Deus o aponta.
É significativo considerarmos a mudança de visão do profeta esboçada na estruturação do texto, capítulos um e dois para os dois capítulos seguintes.Temo-no questionando a Deus o porquê o mundo está como tal. Contudo, no final do capítulo dois e início do três, o profeta é capaz de enxergar a resposta para tudo o quanto o intimida: os homens receberão o fruto de sua soberba; isto é, destruição. Por quê?
Ora, ao esperar pela resposta de Deus, Habacuque descobre-a envolta na fé (2:4). A fé é a melhor resposta de Deus aos santos. Não são argumentos bem elaborados, silogismos ou provas da existência de Deus (não os desprezo), mas a fé que Ele nos deu.
É esta fé que muda a visão de Habacuque. Ela mostra que o mundo pode se esboroar, parecer seguir para o caos e, até ser regido por este. Todavia, não impedirá de o crente ver que Deus continua assentado em seu santo templo e que diante dele toda a terra deve se calar (2:20).
Habacuque ouve aquilo que precisa para entender o seu mundo: FÉ: a melhor resposta de Deus. Com esta resposta ele pode orar, pois sabe que o Senhor continua assentado no seu devido trono. As vacas podem secar o leite, a terra pode negar o seu fruto, o sustento faltar, mas o profeta sabe que Deus está onde sempre esteve: assentado em seu santo trono.
Não o vê mais assentado como Aquele que não se levanta em auxílio do miserável, mas como Aquele cujo trono de santidade tem, soberanamente, tudo sob o seu controle.
A alegria de Habacuque não é porque tudo está perfeitamente bem ou porque Deus está destruindo os seus inimigos e desfazendo injustiças. A sua alegria está na resposta divina (fé) que o faz ver Deus, Soberano Senhor, cujo sustento e governo têm nas mãos.
Não; a fé não me faz fechar os olhos para o mundo (Jo.15:17). Não me faz fingir que tudo está bem ou, então, que o mundo deve se perder mesmo. A fé me faz ver que Deus continua assentado em seu trono santo independentemente de minhas considerações Teo-existenciais.
Ele está no Trono e sempre há de estar. A fé não me faz procurá-lo no curral cheio de ovelhas, nos frutos das árvores ou numa prova milagrosa de sua presença. A Fé me é suficiente para vê-lo sempre lá, no trono, assentado. Nada o inspira perigo ou insulto. A sua santidade é Verdadeira e a sua Soberania é absoluta. Quem o demoverá de seu trono?
Como resposta ao mundo atual, às angústias e estreiteza da alma, Ele me deu a Fé. Fé pra ver todas as possibilidades de desgraças graçar os homens e, até mesmo muitos crentes (Mt.7:24ss), e ainda assim, ter alegria (Hc.3:17-19).

                                                                                       Eliandro da Costa Cordeiro

Um comentário:

Adriano Carvalho disse...

Parabéns meu irmão pelo seu texto, bem escrito e de leitura relevante e agradável! Espero revê-lo em uma das disciplinas que teremos que cumprir por ocasião do mestrado no Jumper/Mackenzie, até lá!

Adriano Carvalho(Magé)